Existiu um momento ele passou pelo tempo de não ser percebido, ainda assim se eternizou em lágrimas ou sorrisos. Assim era a vida de Heloisa e seus desejos, tricotava por horas, dias, meses e assim formava seus contos, em fio de linha colorida, cada ponto se transformava em carreira e assim nas tranças vidas se cruzavam.
Dom ou maldição ela nunca conseguiu explicar, pois tudo que por ali se enlaçava criava uma expectativa ou acabava por fim a todas e assim um ponto do tricô aumentava e outro logo em seguida apertava. Confusa por vezes Heloisa ficava e tentava voltar desfazendo o nó mais estava muito apertado e este não cedia a indignação da artesã, aos poucos ela pode observar que estas falhas davam uma beleza ao trabalho, que lhe dava personalidade e para sua alegria observou que não errava o mesmo ponto e sim os novos. A colcha parecia que iria cobrir o mundo, seus pontos por vezes pareciam flores, ou estrelas, caracóis de um cabelo branco, pontos mais largos pareciam rugas que se acentuavam também a sua face, o trabalho de uma vida e de longo tempo...
As lágrimas de Heloisa faziam a linha se tornar um desafio à agulha que rangia ao fazer um nó apertado, seu sorriso alargava frouxando o ponto. Vez por outra ela via no fio branco um pelo e sorria era um cílio tirava colocava na palma da mão fazia um desejo e contava quantas tapas deu na mão para que ele se soltasse, o numero indicava o tempo do desejo se realizar e sorrindo voltava ao tricotar. Perdida em seus sonhos, pensamentos ali ficava ao lado um cesta cheia de linhas coloridas, seu gato com os olhos desejosos para se aninhar no meio de todos e desalinhar os fios de Heloisa que apenas sorria como se soubesse do desejo do gato.
Um ponto apertado,
Outro mais solto...
Uma puxada do fio da pata do gato.
8 comentários:
que bonita
a colcha de Heloisa!
e mal sabe o mundo que ao puxar um ponto
ora solta um, ora aperta o outro
um beijo, Renata, na patada do gato que enleia os fios e a vida!
manuela
Muito lindo o teu conto, Renatinha.
Assim se faz a vida, de nós apertados, outros lassos, sempre num crescente tricotar, feito de sorrisos por entre fios brancos caídos ao serão e tantos desenhos na colcha que se estende...
Um beijo para ti, sempre com saudades de passar por aqui.
Branca
Renatinha,
Só para esclarecer que também escrevemos laço (de embrulho, prenda, fita na trança do cabelo)com "ç".
A palavra lasso que escrevi aqui com "ss" tem outro significado.
Lasso = solto; largo; frouxo; bambo. :))
Beijinho
Branca
Branca
Branca
Desculpe a confusão não abri minha mente para o siginificado de lasso que aqui também significa:
Que sente profunda fadiga física.
Enervado, cansado, frouxo: estender no leito o corpo lasso.
Beijo e muito obrigada pelo esclarecimento e desculpa por ter lido atravessado. rsrsrsrsr.
Eu sei Renatinha que és uma menina muito instruída e que foi apenas distracção ou não saber o que eu pretendia dizer. :))
Beijinho com carinho.
Branca
adorei o instruída, rsrsrsrs não sabia mesmo... rsrsrsrsrs.
Renata!
Lindo conto! Gostei muito, muito
Beijinhos
Adoro Diana Krall, não vi da primeira vez que vim a este post.
Assisti a um dos seus primeiros espectáculos em Portugal, no Coliseu do Porto e nunca me canso de ouvir.
Obrigada pela partilha.
Beijinhos
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