(Texto em homenagem a Regina Victória Calmon)
Por uma janela aberta olhava a bela senhora de cabelos cor fogo e mãos com dedos compridos, os olhos perdidos buscando no céu de fim de tarde uma estrela, aquela estrela que sempre parecia aumentar o brilho para que ela encantar podendo assim estabelecer um contato.
E ao encontra-la abria um sorriso e dava uma boa noite à conversa começava como qualquer outra e a mulher lhe contava do sol ou da chuva, da família e das amigas, quando cansava sentava no batente da porta e respirava fundo o cheiro de jasmim, várias vezes descreveu para sua amiga estrelar o que era o aroma só que não adiantava muito, ou a aspereza da terra e a maciez da grama, do gosto salgado da lágrima, do doce da fruta, do jiló amargo, do gelado nos lábios, do soverte de rosas e então a confusão estava feita, rosa não é flor? – O que é sorvete?
Sorrido a mulher dizia esquece me fala do que você vê, a estrela então dizia: daqui durante o dia posso ver pouco o sol me bloqueia, vejo relances de um cinza, pontos coloridos indo e vindo lentos ou rápidos demais, os ruídos são tantos que me confundo, eu sei, eu sei parece horrível mais não é, teve uma vez que quase cai um jato passou por mim, senti um cheiro estranho, minhas amigas que estão aqui há muito tempo disseram que são aviões de guerra, senti o cheiro da morte, você já sentiu este cheiro?
A mulher respondeu que sim mas, não queria falar sobre isto, era triste demais não a morte e sim como se morre...
Para aliviar a apreensão da voz que sentiu na mulher a estrela então começou: - agora mesmo vejo muito bem, você e seus cabelos vermelhos, o branco do que se chama jasmim, e muitas luzes que daqui parecem muitas iguais a mim. A senhora então sorriu com a gentileza e descreveu que da terra ela via a estrela com um enorme brilho, que a distância fazia com que ela parecesse uma fada ou um anjo. A estrela ficou feliz e disse que poderia vir a terra morar e ser vizinha da sua amiga, sentir os cheiros, a aspereza da terra, o gosto da rosa, o perfume do jasmim, sentir a vida.
Sábia, a senhora explicou que se ela viesse maravilhoso, seria, contudo, como voltaria ao céu?
A estrela então disse que não poderia voltar pois na terra ficaria, mesmo que fosse jogada ao mar onde nasce a lua ainda assim não retornaria e nem sequer estrela do mar por certo se tornaria.
Então a doce senhora lhe pediu que no céu ficasse e iluminasse as noites escuras junto com a lua e no dia que do céu ela visse um rasgão de luz correria e a abraçaria, juntando assim o céu e a terra em poesia única, onde a grama macia a faria repousar sobre os olhos de suas companheiras no céu. Eternas na terra seria a mulher e a estrela.