E há luzes, azuis, brancas, vermelhas, verdes e toda que se imagine e com velas perfumadas e o cheiro da canela, do pão de frutas, das castanhas que cozinham, cheiro de natal, cheiro do nascimento daquele que lutou, espalhou a palavra do Pai. Nesta época pouco se tem que debater, nada passa despercebido da magia, do encanto, esquecesse a duvida e algo maior nos invade, mesmo que seja melancolia, saudosismo, basta sentar em uma praça, no sofá ou na cadeira de balanço que se respira um ar diferente, os olhos brilham e as lágrimas podem vir doces por milagre ou salgadas naturalmente, vê-se crianças a sorrir com arvores iluminadas e anjos com asas iluminadas, na terra seca ou na neve, Santa Claus ou Papai Noel, votos de Merry Christmas, Feliz Navidad, Joyeux Noël, Buon Natale, Frohe Weihnachten, Feliz Natal tem que vir do coração acompanhado de um abraço, um sorriso ou apenas um aperto de mão educado, formalidades.
Da minha infância vem uma recordação quase que feliniana, na casa dos pais de meus padrinhos italianos, mesa farta, lareira e um pinheiro verde onde ficavam todos os presentes até a hora de abri-los na manhã de Natal, o cheiro do carneiro, pêssegos, nozes, tapetes pelas salas e nós brincando com jogos de tabuleiro, saimos para os jardins e as bochechas ficavam coradas com o frio, posso até ouvir as risadas do padrinho, o latido de Toy o schanauzzer, o barulho e o cheiro que vinha da cozinha, Dona Anita passando tomates vermelhos em uma engenhoca para o molho que os amassava fazendo assim o mais saboroso salsa di pomodoro que já comi em toda minha vida, taças de vinhos e pêssegos dentro delas, sobremesas e muita alegria. Esta recordação quase que apagada como desenho aquarelado, me faz sorrir e lembrar de meu cordão com corações entrelaçados, dos olhos verdes de meu pai, do sorriso de minha mãe, do tempo em que somos felizes e não percebemos, dos sonhos infantis, dos presentes inocentes, do abraço e do colo, de ser carregada nos braços dormindo, exausta das brincadeiras, do levantar feliz do café com panetone, geléia de damasco, queijo Minas, do carinho de meus pais e das montanhas verdes cobertas por serração. Da cama quente e do beijo com o Feliz Natal mais sincero do mundo, contudo, hoje sou eu a mãe, vem das minhas mãos a ceia, os latidos são de Toby um fox terrier, o vermelho da face é causado pelo sol, ainda cozinho castanhas, como minhas cerejas e este ano um pedaço de pêssego mergulhado no vinho, darei meu Feliz Natal aos filhos, ao neto e ao companheiro de muitos Natais, acordarei e comerei meu panetone, seguirei feliz...
Memórias da infância que trazemos para os dias atuais por serem a melhor tradução do Natal, Amor !