Dentro desta história existem muitas outras, ficaria longo e desgastante escrever toda ela, as passagens da personagem foi além deste pequeno conto. Portanto puxarei a história para a juventude e por fim acabar minha tentativa de contar uma história.
Alba estava no fim do seu curso de arquitetura, cheia de projetos e muito feliz aprendeu a lidar com suas visões, não acabou o sofrimento mais ficou mais leve sua cruz. Conheceu seu marido nos meses finais do curso e a paixão foi mutua e intensa, no final de (um) ano estava casada, sobre protestos de algumas amigas que acharam tudo rápido demais.
O casamento- Alba quis casar no fim da primavera, pela manhã, nada muito suntuoso, detalhista escolheu tudo com carinho, as flores do campo, as toalhas brancas, um cardápio leve. Seu vestido era pérola, tomara de caia, lindo na sua simplicidade e elegante, os cabelos soltos com flores pequeninas espalhadas nos fios, o buquê de rosas brancas e champanhe. Um sorriso de ponta a ponta e os olhos brilhavam com as lágrimas que ela segurava. A lua de mel viajou até a Bahamas, na volta sem saber três e não duas pessoas retornaram.
Tudo para Alba corria bem mesmo estando grávida trabalhava em seus projetos, nenhuma visão, alucinação, tudo calmo. Depois de nove meses cravados nasceu Branca, saudável, linda e amada. O nome foi escolha de Alba dizia que ela era branca como a paz, e assim foi registrada. Já nos primeiros meses voltaram lentamente seus pesadelos, visões, alucinações, foi escondido falar com seu médico que lhe disse nada de remédios enquanto estivesse amamentando, sugeriu terapia, Alba não queria que seus pais e seu marido percebessem e fazia de tudo para se controlar. Mas não obteve sucesso em esconder sua angustia e acabou sendo descoberta e todos além bravos ficaram preocupados com Branca, daí por diante Alba sofreu muito, arrumaram uma empregada que mais parecia um policial, além de maldosa.
O fim – Certa noite Alba teve o pior dos pesadelos sonhou ser violentada, acordou gritando, toda machucada, sua boca sangrava, a camisola rasgada, seu marido estava em pé junto à porta apavorado. Alba mesmo muito nervosa tentou explicar mais era tarde ele e seus pais chamaram uma ambulância e ela foi internada, passou dias dopada. Quando acordou seu médico psiquiatra estava do seu lado, segurou sua mão e perguntou o que ela queria.
- Quero ir para casa ficar com minha filha e meu marido, estou com sede, quero ir embora.
Claro que não seria possível, então por (quinze) dias Alba ficou internada todos os exames normais, não era um hospital psiquiátrico e lhe deram alta. Chegando a casa encontrou uma enfermeira e a triste da doméstica, foi pegar a filha, mas a enfermeira sugeriu que ela tomasse um banho e depois ficasse com a filha, sua vida não seria mais a mesma, os remédios a deixavam sonolenta e não podia trabalhar e nem ficar com Branca. Então em uma manhã de domingo após o café e de não tomar os remédios Alba foi ver a filha no berço, Branca estava acordada e quando ela a colocou nos braços a pequena começou a chorar, a enfermeira entrou no quarto e tomou Branca de seus braços. Alba indignada reclamou a enfermeira disse – ela estranhou você, se acalme, vou buscar seu remédio. - Alba disse que ela mesmo iria buscar, quando estava perto da cozinha ouviu a empregada e a enfermeira conversando.
Empregada – Ele vai contar quando que vai se separar?
Enfermeira – Não sei, será quando ela ficar melhor, até lá vamos continuar nos encontrando escondido.
Alba não acreditou no que ouvia tentou respirar faltou ar e desmaiou. Quando acordou estava no quarto seu marido segurando seu braço, sorrindo para ela. Nos meses seguintes houveram crises, visões. Em uma manhã de sábado Alba saiu deu uma longa caminhada visitou os lugares que mais gostava e nunca mais foi vista. Sua filha às vezes fica sorrindo para o nada, levantando os bracinhos e ninguém entende.
Na verdade o que pode ser a loucura?
Religião cada uma explica fenômenos paranormais de diferentes formas. E a verdade com quem esta?
Se a personagem tivesse uma religião facilitaria a aceitação do que estava lhe acontecendo e assim não se acharia louca?
Se os pais tivessem falado com ela sobre tudo que aconteceu sem tabus sua vida seria menos sofrida e por consequência eles também se tornariam mais espiritualizados?
Se a personagem se aceitasse e buscasse ajuda e não tivesse preconceito com ela mesma estaria viva e feliz. Às vezes nós nos julgamos e nos condenamos, cobramos uma normalidade e uma vida certinha, escondemos sentimentos ou nos envergonhamos por ter desejos, queremos sempre ser aceitos e ser visto como exemplo. Então a pergunta será respondida, Dom, benção, mediunidade ou loucura?